quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Caro Saramago


sem rancor. sem presunção. sem altivez.

li, sim.

quantos dias durou a visibilidade?

"Não temas o pavor repentino, nem a investida dos perversos quando vier.Porque o SENHOR será a tua esperança; guardará os teus pés de serem capturados."

Provérbios 3:25,26

2 comentários:

Teo Cavaco disse...

Recebi do meu grande amigo João Carlos Lopes:
Parte 1
"Eu li Saramago!!
É verdade! Quem me conhece bem, sabe que isto seria uma possibilidade muito remota…
Mas acabei por ler o tal livro que tanta polémica tem gerado, embora ainda longe da envergadura que o autor pretensiosamente quis que atingisse. Ouvi a dada altura, Saramago dizer: “…não podem criticar sem ler… leiam e depois é que podem dizer qualquer coisa…”
Pois bem. Por conselho do próprio José Saramago, fi-lo, e aqui estou para cumprir a minha parte: criticar com conhecimento de causa.
Para mim, como cristão, foi difícil passar da primeira página. Ainda pensei duas vezes, mas lá ganhei a coragem necessária. A razão não foi por me ter despertado logo emoções fortes, pois já estava à espera de algumas provocações e ofensas, mas porque se adivinhava um perfeito disparate de livro, enfadado ao aborrecimento. Devo dizer que tentei com muito custo, colocar o coração ao largo, e ler este livro, que agradeço não ter sido longo, com o meu melhor espírito de imparcialidade e analítico.
Nunca tinha lido integralmente uma obra de José Saramago. Apenas alguns trechos aqui e ali. O suficiente para lhe “topar” o estilo. E a imagem que tinha era de um autor com uma construção de narrativa elaborada, uma estrutura de construção das frases muito peculiar, que lhe dava um toque personalizado e interessante, mas com uma criatividade imensa e cheio de histórias muito originais. Embora nunca tivera dúvidas que fosse um ignorante em matérias teológicas, ainda me deixava convencer que não passava de um daqueles seres revoltados com Deus e o Mundo, mas que aparte disso, o homem era um génio. Nada mais longe da verdade.
Nos primeiros capítulo quase julgamos estar perante uma crítica aos textos bíblico, e não perante um romance, como apregoado em segunda capa, tal a ênfase em atacar veemente todo o texto bíblico. Terão sido ciúmes, por saber que a Bíblia ainda continua a vender mais exemplares que todas as suas obras juntas? E isto sem ganhar prémios internacionais para ajudar!
Não sei se foi propositado ou não, mas o autor revela um total desalinhamento entre as realidades bíblicas e a sua narrativa. Poderia até ser considerado como um ponto de vista credível, a sua ficção, embora mantendo a polémica, mas falta-lhe substância, e não se baseia em factos verdadeiros.
O desapontamento é enorme, pois tudo não passa de argumentações cheias de ódio e raiva, que não são sustentadas por ideias claras, ou um pensamento lógico. Por vezes inventa quanto baste, para se fazer justificar, com frases que não figuram nos textos sagrados, nem tão pouco se podem deduzir de alguma Escritura. Tudo inventado na cabeça do autor. “Não gosto de ti, por todas as razões, mas não sei dizer quais. Não gosto de ti e pronto.” Atitude pouco inteligente para quem espera vender muitos exemplares, pois os leitores estão hoje mais cultos, e têm muitas alternativas bem mais interessantes no mercado que, muito justamente, têm batido recordes de vendas."

Teo Cavaco disse...

Recebi do meu grande amigo João Carlos Lopes:
Parte 2
"Fui tomando algumas notas a lápis (não vá pensar-se que cometi um crime em estragar tal relíquia com tinta de caneta). Ao analisá-las no final, pude constatar que Saramago para além dos evidentes e tradicionais erros teológicos, também cometeu erros de análise política, erros históricos, erros de física aplicada, erros de biologia e erros de geologia. Mas pronto. Não massacremos por aí, afinal trata-se apenas de uma obra de ficção!!
Quem nunca se tiver confrontado com algum texto bíblico, mas ler esta obra, poderá pensar: “afinal o digníssimo Prémio Nobel José Saramago tem razão. Que disparate é este, contado na Bíblia!”. Mas quem à posteriori, pegar numa Bíblia e quiser tirar em pratos limpos o que realmente lá consta, mesmo sendo imparcialmente agnóstico, mesmo que não tenha conhecimentos suficientes para análises profundas, pode comprovar que a narrativa do “Caim de Saramago” não está bem fundamentada. Por isso se torna necessário dizer: não critiquem antes de ler. Leiam “Caim”, mas a seguir leiam a verdadeira história numa Bíblia qualquer. No final retirem as vossas conclusões. Podem desta forma cumprir parte da vontade de José Saramago.
A ideia pertinente que se tem ao longo de todo o texto, é de que Saramago está desesperadamente a querer vender. Esperava algo original, ao jeito de “Ensaio sobre a cegueira”, ou “Jangada de Pedra”. Mas afinal, tirando o facto de Caim ter morto todos os tripulantes da Arca de Noé (inclusive este mesmo), não vejo quaisquer ideias originais, mesmo que ferissem a minha sensibilidade cristã.
Não pretendo criticar apenas porque estou contra. Isto não são os partidos e as oposições. Para dar um exemplo, mais ou menos a propósito, li há pouco tempo “A fórmula de Deus” de José Rodrigues dos Santos. Também na sua essência, não poderei concordar, como Crente, mas aceito essa ideia como mais uma teoria, pois está repleta de argumentos válidos, segue uma certa lógica, e está tão bem escrita, que se recomenda. No entanto, não sejamos velhacos, tentando impingir aos leitores portugueses pseudo romances apenas com a intenção de fazer prevalecer as nossas ideias.
Muito se poderá dizer acerca do “Caim” de Saramago. Estou até tentado em fazê-lo mais aprofundadamente, dando crédito às minhas notas. Mas o grau de contestação seria tão imenso, que quase daria um outro livro, certamente bem maior do que o tão badalado: “ José Saramago – Prémio Nobel – Caim – romance – 6ª edição – Editora Caminho”